O uso do "Todos e Todas"

Posted by : Jander Freire | 20 de março de 2011 | Published in

Já faz algum tempo que eu venho percebendo o uso da expressão "Todos e Todas", que iniciam os discursos, agradecendo a presença de todas as pessoas, de todos os indivíduos. 

Nos últimos dias participei de alguns eventos e percebi o quanto essa expressão está sendo usada, até por reitores de universidades.

Todas as canetas e todos os lápis ficam ao dispor de todos e todas, todas as pessoas, todos os indivíduos, e qualquer um ou qualquer uma pode opinar sobre os assuntos expostos, qualquer indivíduo, qualquer pessoa.

Em todos os locais, para todas as assembleias vai se tornando entediante estes usos, estas aplicações, da nossa linguística, do nosso vocabulário. Tudo isso em nome do "movimento feminista"

Tá certo, o movimento é legítimo, assim como a luta. MAS FALEM PORTUGUÊS!

O princípio gramatical do português não herdou do latim o gênero neutro, então cabe ao masculino quebrar o galho nesse papel, abarcando também o feminino. Eu posso muito bem chegar numa assembleia e saudar aos presentes com um BOA NOITE A TODOS. Pronto, está completa a mensagem, ninguem foi excluído! Por exemplo: na Bíblia, quando Deus diz que "o homem pecou" ou "todos pecaram", claramente vemos que Ele se refere ao homem e a mulher. Ou seria Deus um machista?

Não existem dois plurais. Um jornalista e uma jornalista, são, para além de outras coisas, dois jornalistas, duas pessoas, dois indivíduos, dois elementos. Ninguém aprende, na escola, a usar o @ para definir o plural, quando este engloba o masculino e o feminino. 

Não! Isso não é português! 

Não é na linguística que há falta de igualdade de direitos entre homens e mulheres, mas sim nas ações, na confiança depositada neles e nelas, que nem sempre reflete a capacidade da pessoa, mas muitas vezes o gênero implicado. Talvez, quem faz questão de usar essa expressão tenha vários preconceitos e nem se dá conta.

O uso desadequado dessas expressões pode até ser visto como ridicularizante, a fazer pouco dos sujeitos, das entidades a quem nos dirigimos. 

Sendo assim, não ridicularizem os destinatários da vossa mensagem.

A tecnologia e o argumento irrefutável

Posted by : Jander Freire | 14 de março de 2011 | Published in

Qual é a participação que a tecnologia tem em nossas vidas? Talvez você diga que dependa do que faz ou de como usa os meios que são colocados à disposição de todos nós. É verdade. Mas a pergunta tem outro sentido, que é a interferência da tecnologia que não vemos, que é usada em serviços e em outros meios que, sem ela, não funcionariam. Um exemplo? O caixa automático do seu banco. Ao usá-lo, você não pensa em toda tecnologia que há por trás e um simples terminal. E, pior, que sem ela, o terminal não funcionaria, obrigando-o a ir ao banco, enfrentar fila, perder tempo, etc.

Hoje, a tecnologia é praticamente onipresente. Se você não vê um computador, não pensa em um programa, em um aplicativo, isso não quer dizer que não haja tecnologia envolvida no que está fazendo, no serviço que está tomando, na ação em desenvolvimento. O interessante de tudo isso é que, normalmente, nem percebemos esta presença. A percepção, na verdade, só se dá em momentos negativos, quando a tecnologia falha. Se o celular perde o sinal, acaba trazendo transtornos, pois esperamos que ele esteja sempre funcionando.

Celular, internet, iPads, iPhones, computadores portáteis e móveis, GPS no carro, mapas do Google e redes sociais são apenas manifestações de algo que é muito maior e que não vemos. Voltemos ao caso dos celulares. O seu funcionamento depende de meios físicos, mas se não houver tecnologia por trás, eles simplesmente param. São os aplicativos que fazem com que os meios físicos funcionem e que possamos falar, ler emails, tuitar, tirar fotos e jogar. Os bancos são outro bom exemplo. Se os meios técnicos caírem, os físicos morrem e tudo pára.

Se na iniciativa privada o meio tecnológico já está amplamente disseminado, no setor público ele começa a se expandir e o que vemos, também, são sistemas que fazem os mais diversos controles, do simples protocolo de um documento, um pedido, ao pagamento das obrigações de uma Prefeitura e a cobrança de impostos. Em muitos casos, já podemos fazer on line uma série de procedimentos, o que significa o uso mais intensivo da tecnologia e, nela, da informática e dos softwares que controlam computadores e redes.

Bem, você deve estar perguntando, e por que "o argumento irrefutável" do título. Ele está diretamente relacionado a tudo o que foi dito acima. E esta idéia me surgiu após uma senhora chegar hoje no Fórum e me pedir para ver como estava seu processo. Abri a consulta do SAJ (Sistema de Automação do Judiciário), no entanto, ao tentar iniciá-la, tive que dizer a senhora que estava à espera de uma notícia minha: - Senhora, me desculpe, mas o sistema está fora do ar. Este é o argumento irrefutável, pois não há mais como se opor a ele. O sistema não funciona, e pronto. A única forma é esperar que ele volte ou, então, voltar e tentar saber como anda o processo depois.

Existe uma máxima antiga que era de que "contra fatos ainda existe o argumento". Você pode ver um fato de vários ângulos e, por isso, debater, argumentar. Quando o sistema cai, não há essa possibilidade. É algo definitivo, que só se resolve quando ele volta. Nenhuma ação que tomar vai mudar a situação, já que, não havendo sistema, você está fora do mundo. Pára tudo. É, em definitivo, o argumento irrefutável.