O mercado negro eleitoral

Posted by : Jander Freire | 30 de agosto de 2010 | Published in

Grupo que mais aceita negociar seus votos são os jovens em geral, e não a população mais pobre ou com baixo nível de educação, como supõe o senso comum.

No último dia 10 de agosto o cientista político Ricardo Caldas, da Universidade de Brasília, jogou um balde de água fria na “festa democrática” brasileira. Falando à imprensa, ele afirmou que cerca de 20% dos votos no país são comprados, “e isso só das pessoas que admitiram a prática”. A declaração foi dada no lançamento da campanha Eleições Limpas, uma parceria da Associação dos Magistrados Brasileiros (AMB) com o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para conscientizar o eleitor a não vender o seu voto nas eleições de outubro.

Dados da organização não-governamental Transparência Brasil dão conta de que 8,3 milhões de eleitores receberam ofertas para venderem seus votos nas últimas eleições para presidente, governadores, deputados federais, estaduais ou distritais e senadores, realizadas há quatro anos, em 2006. É mais do que a soma de todos os votos depositados, ou melhor, digitados nos estados do Mato Grosso do Sul, Tocantins, Acre, Roraima, Rondônia, Amapá, Amazonas e Distrito Federal. Isto, a rigor, tem um nome: fraude.

Mesmo supondo que, sufrágio após sufrágio, parte das ofertas de compra de votos é recusada pelos eleitores, o grande volume deste mercado negro da democracia representativa indica que ele pode, sim, alterar substancialmente o resultado das eleições no país. A Transparência Brasil é clara em seu relatório sobre a compra de votos em 2006: “É lícito especular que entre governadores, senadores, deputados federais e deputados estaduais e distritais, centenas tenham sido eleitos porque compraram votos”.

Ainda segundo a Transparência Brasil, o grupo que mais aceita negociar seus votos é etário, e não social: são os jovens em geral, e não a população mais pobre ou com baixo nível de educação, como supõe o senso comum.

Fonte: blog de Valmir Nascimento

NOTA DO BLOG: É lamentável essa constatação de que os jovens são os que mais vendem o voto. É lamentável, caro jovem, porque você, sem saber, está vendendo a sua própria consciência. Está negociando o seu caráter, de julgar que o seu melhor voto é para um determinado candidato, de acordo com a sua realidade, e estabelecer um julgamento moral e responsável. E quem compra o voto sabe que não está negociando somente o seu ato diante da urna, está engessando o poder reinvindicatório daquele eleitor, pois cria a percepção de que já cumpriu o seu papel perante aquele. O jovem que vende o seu voto vende também o seu futuro. Pense nisso! Não venda o seu voto. Liberte-se desse mal enquanto é tempo.

(2) Comments

  1. Zé Mário said...

    Jander, parabéns.
    A sua nota foi excelente, cada vez mais o jovem precisa entender que o papel dos mais experientes não é guiá-lo por caminhos indecisos ou suspeitos. Pelo contrario, é lhe repassar a experiência de vida. E para isso se faz necessário lhe expor varias situações em que o mesmo poderá se defrontar. Muitas vezes, tanto negativas como positivas. A avaliação caberá ao jovem decidir, e para isso nada melhor que situações já vividas por outros. Afinal de contas. “Aprender com os erros dos outros é menos constrangedor”.
    Sds
    josé mário

    segunda-feira, 30 de agosto de 2010 às 21:50:00 BRT
  2. Josiel said...

    Lamentável.O pior é que isso é a mais pura verdade.

    segunda-feira, 30 de agosto de 2010 às 21:56:00 BRT